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Escrita x Digitação: qual melhor estratégia?


Platão, ainda na antiguidade, sugeriu que a escrita seria um meio para o esquecimento, não obstante, ao longo dos anos evidenciou-se o oposto: o registro, seja ele manuscrito ou tecnológico, auxilia a memorização. Contudo, ainda nos deparamos com o desafio de conciliar a necessidade de uma aprendizagem, e portanto memorização rápida e de qualidade, ao mesmo tempo que não dispomos de muito tempo para isso. Nesse âmbito, surge a comparação entre a escrita e o digital, apesar de ambos serem registros, eles envolvem diferentes ativações motoras e visuais.


Magalhães (2014), através de um artigo “Memorização e compreensão na leitura de textos manuscritos e digitados” nos traz uma bibliografia que mostra mais uma vez aquilo que sempre nos foi mais intuitivo: a nossa memorização escrita é mais eficiente através da produção manuscrita, ao mesmo tempo que ao nível visual retemos melhor textos também manuscritos. De acordo com Lobato (1981), “com o uso de papel e lápis, a memória humana aumenta artificialmente, aumentando, simultaneamente, a capacidade de armazenar os passos da operação”. Hoje, já na época ressonância magnética funcional por imagem (fMRI), consegue-se ver um esboço do que seria essa fala, onde a comparação de exames de pessoas letradas versus iletradas possuem ativações cerebrais diferentes (DEHAENE et al., 2010).


O artigo “The Reading Brain in the Digital Age: Why Paper Still Beats Screens”, publicado na Scientific American (2014), é claro e enfático ao mostrar que ainda hoje, na era digital, o papel possui seu lugar. Nesse ponto, é importante lembrar que o cérebro humano ainda não possui circuitos cerebrais dedicados à leitura, uma vez que ainda é uma atividade recente quando vista toda a humanidade. Por esse motivo, quando ainda somos crianças a nossa neuroplasticidade permite que improvisemos um novo circuito de leitura, e para isso, baseia-se unindo várias fitas de tecido neural dedicadas a outras habilidades, como fala, coordenação motora e visão. Dito isso, já seria intuitivo o porquê do manuscrito se sobrepor ao digital, mas não para por aí.


Somado a isso, um estudo realizado em janeiro de 2013 por Anne Mangen, da Universidade de Stavanger, na Noruega, revelou que a leitura digital também é mais exaustiva, desgastante, ao ter que navegar pela páginas, por exemplo, isso desvia o foco da leitura, e como nosso cérebro não é programado para executar muitas funções ao mesmo tempo, torna-se fadigado mais rapidamente, tendo menos capacidade livre para a compreensão.

A partir do exposto e demais leituras, fica evidente que a atividade manuscrita ainda supera a digital. Isso se dá por padrões cerebrais e portanto, é possível que haja variações individuais, além de ser necessário adaptação das estratégias para sua rotina. Por fim, permanece a recomendação de quando possível preferir à escrita, mas sempre se adaptar ao seu próprio estilo de aprendizagem.


Referências:


DE MAGALHÃES, José Olímpio; LEITE, Camila Tavares. Memorização e compreensão na leitura de textos manuscritos e digitados. Revista Linguíʃtica, v. 10, n. 1, 2015.


Dehaene, S. et al. (2010). How learning to read changes the cortical networks for vision and language. Science 330:1359.


JABR, Ferris. The reading brain in the digital age: Why paper still beats screens. Scientific American, v. 309, n. 5, p. 48-53, 2013.


LOBATO, Lúcia P. Sintaxe Gerativa do Português: da teoria padrão à teoria da regência e ligação. Belo Horizonte: Vigília, 1986.

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